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Relato de Experiência

Page history last edited by Kathia Seib 16 years, 1 month ago

 

                       

    Trabalho há 22 anos em sala de aula, destes, 17 ininterruptos e na mesma escola.

    Na aula presencial, em pesquisas sobre o assunto e na leitura dos textos referentes a necessidades especiais sugeridos, percebi que há muitos casos relativos a inclusão, e não somente aqueles que possuem uma diferença física ou mental explícita, as necessidades especiais são todas aquelas em que o aluno precisa de uma atenção especializada.

    Custei a iniciar este relato, pois ainda não tinha tido aluno com necessidades especiais, até lembrar-me de um caso ocorrido há muitos anos atrás. 

    Minha única experiência até hoje com aluno com necessidades especiais foi em 1983, na época trabalhava em uma escolinha em Teresópolis chamada Tagarela, com uma turminha de maternal 2, tinha 18 alunos com idade entre 3/4 anos. As turminhas pequenas tinham uma auxiliar na sala, que facilitavam muito o trabalho.

   Recebi um menino com Síndrome de Down, ele tinha 4 anos e desde seu nascimento fazia um trabalho especializado com outras crianças com as mesmas limitações. Naquela época era muito restrito o atendimento com estas crianças. Lembro que a mãe queria colocá-lo em uma escola "normal" para que ele interagisse com outras crianças, então o menino ingressou no final de agosto na turma.

   Ele era carinhoso comigo, mas toda vez que eu dava atenção a outra criança, ele ficava bravo e batia nos colegas ou se irritava. Ainda não tinha controle total dos esfíncteres. Quando acontecia o "acidente", se escondia em um cantinho da sala e ficava quietinho até ser descoberto. Nesta época eu era muito nova e o trabalho com esta turminha  era basicamente a socialização e a desenvoltura da motricidade ampla. Neste ponto o aluno tinha suas restrições, gostava muito das atividades recreativas, correr e pular, o que me chamava a atenção era quando eu colocava música, neste momento parecia  que ele se transformava, adorava dançar e ria muito. Ao final daquele ano saí da escola, fui convidada para trabalhar em outra,  e não tive muito tempo para me interar de seu comportamento.

    Ano passado tivemos na minha escola, em uma turma de 4ª série, da Professora Sueli, minha colega, uma aluna com um grau mínimo de visão. Acompanhei a angústia da Professora, pois ela não sabia como lidar de imediato com aquela situação juntamente com mais 32 alunos em sala de aula.

    Já no ingresso da aluna, a professora foi informada que ela precisaria sentar bem próximo ao quadro, mas logo percebeu que mesmo assim apresentava dificuldades de enxergar. Percebendo a angústia da menina, fez um teste, escreveu em seu caderno palavras com letras bem grandes para que ela desenhasse, a dificuldade continuava.

    A professora conversou muito com o SOE, e fiquei sabendo que com a colaboração e ajuda dos alunos, alguns copiavam as atividades para ela e até a conduziam pelas dependências da escola, a aluna no começo se sentia confortável, mas esta atitude dos colegas fez com que ela se sentisse inútil, estava ficando desmotivada, pois os colegas na ânsia de querer ajudar, não deixavam a menina seguir sozinha, e devido a sua condição restrita de acompanhar as atividades direcionadas aos demais na escola.

    Então a professora conversou com os alunos explicando que a aluna precisava ter sua autonomia para se sentir segura.

    Mas a maior preocupação da professora foi com relação ao aprendizado da aluna, pois por mais que houvesse esforço da escola, não estava sendo proveitoso para a aluna, então devido a grande dificuldade visual que ela apresentava e nossa escola não tendo recursos adequados para atender esta criança, o SOE juntamente com a professora, conversaram com a mãe e esta percebeu e tomou a decisão que seria melhor encaminhar a filha para algum local onde ela pudesse ter um acompanhamento mais específico devido a sua necessidade. 

 

    Hoje em minha escola não temos alunos com deficiência visual, auditiva, cadeirante ou Down. Caso recebermos algum aluno com algumas destas necessidades, não temos nem pessoal especializado para atender estes casos devidamente.      

     Esta semana, mais precisamente no dia 8/04,  entrei em uma das salas da Educação Infantil, e percebi que um dos alunos apresenta a fisionomia característica de Down. Conversei com a professora e vou fazer semana que vem, um relatório mais detalhado sobre o assunto.

     O pouco tempo em que conversamos, ela relatou que o aluno tem 5 anos, idade mental de mais ou menos 3, é tranquilo, não briga, interage com os colegas mas costuma brincar muito sozinho. Não fala direito, só poucas sílabas, a língua é projetada para a frente juntamente com a arcada dentária, responde muito com o balançar da cabeça. Não demonstra mudança facial como sorriso, seu semblante é sempre o mesmo. 

     A família não colocou nada sobre a condição da criança na entrevista com a professora. O que ela sabe é o que o aluno apresenta diariamente.

     Como já citei acima farei uma entrevista mais detalhada com a professora, para saber como foi o atendimento familiar e a vivência com outros desta criança.

     Conversei com a professora em 13/05, ela me informou que o aluno não tem Síndrome de Down, mas que apresenta uma deficiência, que esta seria labial. Preciso de mais alguns dados, para me certificar desta dificuldade.

 

 

 

 

 

 

 

Comments (2)

Simone Ramminger said

at 12:53 am on Apr 8, 2009

Oi Kathia! Só nos deste um gostinho do relato. Quero saber mais!!! Como te sentiste com esse aluno especial na tua sala de aula? Quais eram as tuas expectativas? Como os colegas interagiam com ele? Na escola onde trabalhas hoje não tem nenhum aluno com necessidades especiais? Abraço, Simone - Tutora sede EPNE

Simone Ramminger said

at 11:25 pm on Apr 21, 2009

Oi Kathia!!!
Vejo que agora te envolveste mais com a atividade. Observei que procuraste preservar a identidade dos alunos. Isso é muito importante. A inclusão do aluno especial na escola regular é um desafio. Será que os professores estão preparados para enfrentar os desafios e lidar com as diferenças dentro das salas de aula? A educação é essencial para o desenvolvimento de qualquer cidadão e incluir um aluno com necessidades educacionais especiais, garantindo a possibilidade de seu crescimento, é possível quando temos professores, família e comunidade envolvidos e comprometidos com a educação. Tua primeira atividade está ok. Abraço, Simone Ramminger - Tutora sede EPNE

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